quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um sonho

Hey Nana.

Wooh, dois posts seguidos num só dia, estamos a fazer progressos.
Esta noite tive um sonho, depressa peguei no computador e comecei a escrever o que me lembrava, achei-o tão diferente de outros sonhos que costumo ter.
Cá vai:

" -Não te incomoda víveres para sempre? – Perguntei sem vergonha ao homem que acabara de conhecer, apesar do seu aspecto assustados, ostentando uma cicatriz a meio da cara, e da falta de cabelo na sua cabeça, os seu olhos contavam outras histórias, histórias tristes que o faziam parecer um homem meigo com gosto em ajudar os outros.
O homem parou por um segundo, deixando de lado a bandeja onde me trazia um pequeno farnel, pousando-a em cima de um móvel velho do quarto, tão velho quanto esse homem. O mesmo lançou o seu olhar discreto para mim, tentando provavelmente ler o meu rosto, talvez naquele momento a minha expressão denunciava a minha curiosidade, rapidamente, sem o conseguir compreender bem, ele olhou novamente para as tostas em azeite que me trazia e abanou a cabeça.
-Detesto imaginar que vou viver para sempre. – Respondeu ele sem falhar uma única palavra. – Mas não tenho outra opção senão ser imortal.
A sua voz era grave, quase rouca, como que denunciando as centenas de anos vividas falando com esta e outra pessoa, pensando provavelmente no quão insignificantes as suas vidas eram, ou quanta sorte tinham, a minha curiosidade em conhecer um deles não iria parar até estar completamente saciada, e agora que o tinha a minha frente, nem o seu aspecto quase assustador me ia fazer parar. Eram cada vez mais aqueles como ele, que não podiam morrer, que iriam por infinitas vezes ter direito aquilo que um ser humano normal tem direito uma vez na vida. Tinha-se alastrado pelo mundo fora como uma doença, havia até quem lhe chamasse doença, como era mesmo o nome? A Doença do Elixir da Vida. Um pouco pomposo para uma coisa tão disparatada.
-Como vão as pessoas viver daqui para a frente? Quando todos os recursos naturais acabarem? E porque estão vocês a extinguir os não imortais? Vais Matar-me a mim também? – Apesar de ser uma pergunta aterradora, apesar de ser um pensamento aterrador, morrer, a minha voz não tremia nem de entusiasmo nem de medo, era um tom de voz quase neutro, um tom de curiosidade. Por algum motivo aqueles olhos doces não me metiam medo, mas davam-se segurança. Quase podia apostar que aquele homem não era como os recentes imortais, ele tinha anos, séculos, de vida em cima dos seus ombros, era definitivamente uma criatura diferente tanto dos mortais como dos não mortais. Trazendo a bandeja nas suas mãos, pouso-a em cima do meu colo, com um sorriso rasgado nos seus lábios, comecei a pensar que era má ideia fazer-lhe tantas perguntas.
-Come, falamos depois. – Deu por encerrada a conversa, sem mais discussões lancei-me ao pão enquanto ele me deixava sozinha no quarto."

Hachi

1 comentário:

  1. O teu sonho faz lembrar as "intermitências da morte":p
    devias ir ao dicionario de simbolos ver o que significa sonhara com imortalidade.
    bjo*
    Nana

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